Tratado de Versalhes e o sofrimento do povo alemão antes da ascensão do fascismo foi campo fértil para a maioria dos atentados contra os Judeus que foram, aos poucos, implementados. É importante lembrar que antes da guerra e da invasão da união soviética, a Alemanha e Hitler eram ainda visto como do lado certo da história; Hoje, Trump diz que vai levantar um muro separando México dos Estados Unidos e que são eles quem vão pagar a conta. Aqui, Bolsonaro compara indígenas a sub-humanos quando diz que eles hoje são pessoas quase como a gente — os exemplos de neofascistas no poder não acabam — como aponta um artigo do Umair Haque falando exclusivamente de China, India e Reino Unido.
Guernica, Picasso, Pablo. 3,49 m x 7,77 m. 26 de abril de 1937–junho de 1937
Há uma anedota bem conhecida em que um oficial alemão visitou Picasso em seu estúdio em Paris durante a Segunda Guerra Mundial. Chocado com o “caos” vanguardista da Guernica, perguntou a Picasso: “Foi você que fez isto?”. Ao que Picasso replicou, calmamente: “Não, isto foi feito por vocês!”. Atualmente, muitos liberais, ao serem confrontados com explosões violentas como as desordens de 2005 nos subúrbios de Paris, perguntam aos poucos esquerdistas que ainda apostam numa transformação social radical: “Não foram vocês que fizeram isto? É isto que vocês querem?”. E nós deveríamos responder, como Picasso: “Não, foram vocês que fizeram isto! Este é o verdadeiro resultado da sua política!”.
Slavoj Žižek. Violência. Ed. Boitempo.
As armas da Segunda Guerra dos alemães foram antes testadas na guerra do General Franco contra seu próprio país. Hitler, antes de ser o Führer era uma soldado na Primeira Guerra. Se na história há um movimento cíclico, torna-se vital lembrar que violência não se resolve com violência. E isso se aplica tanto para nações como para indivíduos. Se hoje somos governados por déspotas, precisamos no lembrar que eles passam, e que suas ideologias não nos definem. Nunca percamos as esperanças.
Logo após o fim da guerra, em 1946, os israelenses não temiam explodir uma bomba em um hotel para atingir seus objetivos estratégicos. O estado de Israel é uma respeitada força militar apesar de tudo que aconteceu com seu povo, e talvez por isso mesmo — se alguém tem direito de se defender deveriam ser eles. Mas depois de ver Shoah, e toda a carga de sofrimento pela qual passou o povo Judeu, não acredito que possa encontrar sentido que justifique qualquer coisa, principalmente a beligerância.
O fascismo sempre estará por perto enquanto houver democracia — pela simples razão de que a “vontade da maioria” pode ser deturpada, e muitas vezes é. Conhecer os limites da tolerância é uma lição que Shoah pode nos dar, ainda que ela seja mais do que isso — ela é mais do que qualquer palavra, filme ou planilha de estatística pode afirmar.