Hori no seu texto, as melhores ideias em geral são as mais simples. Um parque onde seus filhos podem brincar, pode em muito superar ideias mirabolantes que tentem suprir necessidades igualmente urgentes mas que na prática ainda não estão ligadas à necessidade que a cidade tem nesse momento, que é um lugar para pessoas de pessoas, que promova a cordialidade e afetuosidade e que traga resultados não apenas no futuro mas no presente. No texto dela proliferam exemplos, mas todos nós que vivemos os cotidianos urbanos sabemos o que ela quer dizer. E, portanto, participamos, direta ou indiretamente das decisões feitas em favor desta mesma cidade.
Em tempos de crise de liderança, podemos todos participar de um projeto de auto liderança e autogerenciamento nas cidades através destes coletivos sociais; mais do que isso, precisamos. Assim como os artistas da tacheleS, não estamos fazendo nada além daquilo que nos é mais próprio, que é viver uma vida mais digna e plena de beleza. Quando vemos um artista de rua, ou ouvimos o crente com megafone na praça, sabemos, aquilo é a vida em movimento e é parte da vida e do movimento que nos compõe. A cidade ainda é em si um território do capital, e se insurgir contra o capital é criar no aqui e agora uma nova proposta de governo. Em tempos de crise de saúde e econômica, é mais do que justo repensarmos o que desejamos de nossas cidades quando finalmente formos livres para ir e vir como bem quisermos.